• vagalumes no cinema

    como sempre, comecei a escrever e não cheguei a conclusão nenhuma. aí não quis postar. comecei de novo e não cheguei a lugar algum. de novo, não postei. agora eu queria muito postar mas acho que não ficaria tão legal postar algo sobre um ontem que na verdade já faz um mês, um nessa semana que na realidade tem muito mais que uma semana. sei lá. será que pega mal mesmo? vamos testar aqui.

    ontem a noite me peguei rolando pela cama de um lado pro outro. pensei em algo que eu queria muito escrever, finalmente um texto novo pra esse blog abandonado, empoeirado e cheio de teias de aranha. mas como estava tentando dormir, achei que seria melhor não levantar e ligar o celular pra escrever. era um ideia tão boa que certamente ficaria na minha mente por dias e dias.

    uma obra de arte, um daqueles posts que eu escrevo e retorno todo mês pra dar uma lida e lembrar que eu sou sim uma pessoa legal e bacana e interessante, que eu sei escrever e entreter e pensar. e obviamente eu esqueci o que eu queria falar. e era tão pequeno, e tão simples e capaz de me provocar tantos pensamentos. lembro que eram duas palavras conectadas por um sinal, um igual ou uma simples setinha. mas não lembro nadinha do conteúdo. deixa eu testar tentar lembrar.

    eu
    eu ontem… fui trabalhar… almocei salada de macarrão com frango. achei um cabelo na salada. era meu, com certeza, mas meio que estragou minha refeição. bebi um gole da coca zero do meu colega. não lembro de mais nada que fiz no trabalho. não lembro se fiz curso, que é o que eu deveria fazer, ou fiz outras coisas, que eu não deveria. já estou há dias sem twitter, instagram e tiktok. minha bateria durou mais do que o normal.

    fui pra academia. quem vai, vai a algum lugar ou para algum lugar? será que não importa? não posso verificar agora, de todo modo. estou debaixo da terra, onde a internet não atinge. num passado não tão distante, eu jamais poderia pesquisar essa informação imediatamente após desenvolver essa dúvida. se bem que como posso considerar uma dúvida desenvolvida, se nem dei tempo dela se desenvolver e já pesquisei a resposta pra minha questão? o imediato tira um pouco da graça da descoberta. ontem eu malhei perna e glúteos. elevação pélvica. agachamento no smith. leg press. ou cadeira extensora. não lembro quem veio antes. e aí cadeira abdutora.

    eu ia fazer 10 minutos da escada de Sísifo, mas ela estava ocupada e eu muito preguiçosa. cheguei em casa. tomei banho. comi? não lembro. comi iogurte com maçã. comi torradinhas sabor salaminho. liguei a frigideira. estava com um desejo extremo enorme de miojo com ovo. mas eu não deveria… e não comi. me vesti. tinha combinado de ir no cinema assistir ao filme? documentário? ao show do talking heads, stop making sense. fomos na sala vip do shopping mais caseiro da cidade. eu pedi uma pipoca média, meio doce meio salgada, e um litro de coca zero.

    eles esqueceram de apagar a luz do cinema, e eu, muito altruísta e imaginando que era a única pessoa que não gosta tanto assim de talking heads, saí da sala para pedir que apagassem a luz. apagaram. perdi parte da música mais famosa deles. o show foi muito melhor do que eu imaginava, na verdade. adorei que ele vai se montando música a música. o david byrne tem um charme de gênio que é muito atraente. gostei de ver uma mulher tocar.

    lembrei do que fiz no trabalho. fiquei planejando se compraria um notebook novo hoje ou não. se compraria celular. se resolveria todas as minhas pendências financeiras. incrível como pode isso ocupar tanto tempo.

    o show, então. estava muito bom e a cadeira da sala vip é praticamente uma cama. percebi que conhecia sim quase todas as músicas do talking heads. gostei muito e foi uma experiência diferente. até por que eu gosto quando me descubro capaz de ficar 2 horas sem tocar meu celular. ok, uma hora e meia. no início, o david byrne está sozinho no palco. achei que ainda não fosse o show e sim um teste de microfone. ele dança de um jeito agradável, simulando quedas. é bom ver ele se mexendo. os membros da banda entram a cada música. tem trocas de roupa. é bem legal.

    um vagalume estava preso na sala e de vez em quando piscava a bunda. pessoas com um olhar menos poético diriam que era apenas uma mosca, um inseto menos belo qualquer que passava na frente da luz e por isso brilhava. não faz sentido. tenho certeza que era a bundinha do vagalume iluminando de levinho o cinema. o vagalume preso na sala vip de um cinema que já foi uma janela para uma realidade diferente.

    fiz xixi enquanto tentava comprar shampoo caro na promoção.

    fui numa livraria da travessa. é legal que existem ainda livrarias que te fazem ter vontade de comprar livros. se bem que vontade de comprar é um negócio meio chato, né. o capital tem dessas de estragar tudo que toca. deixei que eu me iludissee acreditando que conseguiria me dedicar a desejos não virtuais, sonhos hipotéticos que aconteceriam numa realidade alternativa em que o mundo tecnológico não é uma realidade tão bárbara como a que vivemos.

    comprei ração pro meu gato. quer dizer, erick comprou. fiz ele comprar sementes de cebolinha que supostamente brotam o ano todo. mais um desses delírios de uma vida em que o meu tempo e a minha atenção pertenciam a mim e aos meus anseios. é bom pelo menos desejar.

    voltei pra casa. comi macarrão com almôndegas e ovos. os ovos estavam no ponto ideal, perfeitos, quando a clara está perfeitamente dura e a gema está mole bem no centro. eu amo ovos assim. um dia, todos os ovos que eu fizer sairão assim. o macarrão estava horrível. as almôndegas, gostosas. assistimos o episódio da terceira temporada de the bear que fala da tina.

    hora de dormir. fiz o connections. não me lembro de nada. estava inquieta. pensei nas diferenças entre prawn e shrimp. não conseguia me lembrar da diferença entre eles de jeito nenhum. peguei o celular. não tem diferença. ou tem, mas não é relevante o suficiente pra ter dois nomes em português. então não tem. me virei pra dormir. virei pro outro lado. revirei. mas que calor. que tempo seco.

    engraçado. escrevi isso num dia em que estava pensando em comprar um notebook. hoje, apenas dois ou três dias depois, estou digitando no teclado desse mesmo notebook, e ele é perfeito. enfrento esse dilema moral: como posso ansiar por uma vida mais analógica e ao mesmo tempo querer sempre o melhor, querer um computador, logo um computador, que seja melhor e mais moderno, sendo que o meu, apesar de velho, capenga, mal seguro, feio, desconstruído, ainda funciona? qual é o sentido desse desperdício? mas sei lá também. penso em usar mais o computador e menos o celular. me parece positivo visto que eu queria morar em 2009 pra sempre.

    tentar relembrar não me fez lembrar do que eu queria. o que de tão bom eu tinha pra dizer, meu deus? david byrne, envie um sinal.

    será que era alguma coisa sobre o vagalume preso na sala de cinema, fadado a ver filme atrás de filme, se alimentando da pipoca que inevitavelmente cai no chão e das lágrimas que as mais diversas películas podem nos proporcionar? será que era isso??

    acho que não.

    o vagalume é apenas um vagalume.

    nesse cinema em que ele está preso, assisti vários filmes em 2024.

    la chimera, um filme muito belo sobre saqueadores de relíquias etruscas esquecidas pelo tempo. tem a participação da carol duarte interpretando uma personagem extremamente brasileira, que busca a felicidade mesmo nos momentos mais difíceis. acho muito complexo relembrar do que já assisti há tanto tempo mas é importante fazer essa reflexão e realizar o esforço de treinar minha mente. o que eu lembro desse filme? o protagonista inglês parece não ter superado a morte da companheira. nem ele, nem a mãe dela. tem um quê de charme no sacrilégio que eles cometem, em especial quando o arthur demonstra se sentir mal pelo que fez. como se ele fosse responsável pelo que aconteceu com a escultura que havia sobrevivido a milênios intacta, ainda preservando um pedaço daquela cultura que hoje podemos apenas imaginar. um filme muito belo, muito bonito.

    assisti também zona de interesse, pobres criaturas, vidas passadas. o menino e a garça. evidências do amor. e ainda diziam que o cinema já era, hein!! imagina se não fosse? ai ai ai. cansei tanto. será que deixo esse post ir? será que isso é o suficiente?

  • até quando vamos fingir que se usa mais xampu do que condicionador e outras questões de retrospectiva

    o ser humano é mesmo um animal deveras peculiar. eu mesma sou uma grande fã da ideia do auto conhecimento. teoricamente, eu quero me conhecer. perguntei pro chat gpt e uma das sugestões que ele dá é praticar a escrita de um diário. entrei normalmente no instagram como faço todos os dias e um reels falou: faça journaling, coloque metas que são passíveis de serem atingidas, como um parágrafo por dia. no meu whatsapp, meus amigos falam: “e aí galera já escreveram hoje?”

    não, não escrevi. 😡😡😡😡. não quero pensar em mim ou nos meus sentimentos. quero pensar em outras coisas.

    mas quero me autoconhecer.

    mas hoje não. 😡

    então vamos desviar desse assunto e fazer a retrospectiva de 2023! esse ano foi demais, mudou totalmente minha vida de novo e me proporcionou um sem número de felicidades, nervosismos, e experiências que eu amei e odiei vivenciar. quando o ano começou, a simples ideia de ter que trabalhar naquele local me dava ojeriza. eu buscava saídas por vários lugares, e considerei por alguns meses sair do país e do emprego mesmo sem ter nada em mente. quer dizer, eu estava estudando para um concurso que acreditei que seria melhor para a minha carreira e saúde mental.

    foi aí que, lá pro dia 20 daquele mês, entrei de licença saúde após decidir consertar o dedo que eu havia quebrado um mês antes. esse é meu jeitinho! enfim, óbvio que não escolhi fechar a porta do cofre no dedo, adorava ter mãos lindas e agora para sempre terei um dedo com dificuldade de movimentação. mas os três meses de licença forem essenciais para curar o sentimento negativo que eu estava sentindo em relação ao emprego. é incrível o quanto isso mudou minha vida para sempre. hoje, estou num cargo muito melhor, numa cidade muito melhor e que pode me proporcionar tudo que sempre sonhei.

    em 2023 eu:

    • voei 10 vezes
    • conheci uns 4 amigos queridos virtuais diferentes
    • andei de trem
    • fiz rapel
    • fiz uma tatuagem
    • fui no show da taylor swift
    • fui no primavera sound
    • fui no rio ver o botafogo jogar
    • fui promovida
    • fiz uma cirurgia
    • participei de um clube do livro por 12 meses (e contando!)
    • comprei um carro
    • acampei
    • me mudei pra terceira maior cidade do brasil

    pensei em falar que queria que 2024 fosse ainda melhor que 2023, mas aí lembrei que por mais que coisas ruins tenham acontecido, foi um ano absurdamente positivo para mim. quase tudo de bom que poderia acontecer com alguém, aconteceu comigo. exceto pelo fato de que não ganhei na mega. e tive que operar o dedo (os americanos chamam de blessing in desguise). e aí catolicamente pensei que eu deveria agradecer pelo bom ano que tive, ao invés de desejar que o próximo fosse melhor. realmente não sei como me livrar dessa sensação de que deus vai me punir por que não fui uma pessoa boa o suficiente e agradeci pelo que me aconteceu de bom.o que é meio bobo porque eu não acredito em deus. e também porque eu estou feliz e grata pelas coisas positivas que aconteceram comigo. mas sei lá, o universo existe. e as coisas acontecem. e por mero acaso dei essa sorte. e eu sei disso. sei que não faz diferença agradecer ou não, o gerador de improbabilidades que gere todas as nossas vidas não liga para por favor e obrigado. então por que motivo toda vez que eu penso alguma coisa, outra parte de mim vai e me reprime por pensar o que eu pensei? qual pensamento foi realmente pensado por mim? quem sou eu? quem somos nós? como eu faço para parar de me sentir triste e finalmente gostar de mim como eu sou?

    tem esse livro que eu nunca li que se chama Are you there, God? It’s me, Margareth. eu não li esse livro em específico mas sou uma grande fã de menstruação. é um assunto que me fascina e quando era uma jovem garota comprei um livro chamado meu livrinho vermelho, um monte de contos sobre menstruação. ele é extremamente norte americano, uma falha de caráter em mim que tento corrigir de vez em quando, mas a experiência menstrual é de várias maneiras bastante universal. lógico que o absorvente interno nunca foi tão popular no brasil quanto é nos estados unidos, além de algumas outras questões tão diferentes e que eu nem me recordo mais. uma delas é que muitas mulheres leram sobre menstruação pela primeira vez nesse livro, Are you there, God? It’s me, Margareth? sei que recentemente lançaram um filme. mas que eu saiba esse livro nem sequer saiu no brasil. e ainda assim. ainda assim, todo dia eu lembro desse título e penso “Are you there, God? It’s me, Gabriela”

    é isso, de certa forma. será que deus está aqui? creio que não. no último livro do clube previamente conhecido como clube do livro da gabiula (atualmente clube gatas da leitura leve), temos uma garota que investiga um mistério na vizinhança com sua amiga de saúde frágil. elas procuram uma idosa desaparecida, e também procuram por deus. ele está em todas as coisas. supostamente. e ainda assim, elas nunca o encontram. exceto pela vez em que encontram e tudo de ruim que poderia acontecer no mundo acontece. foi um bom livro. eu gostei. também procuro deus, a minha maneira.

    mas sobre xampus, o que vocês acham? nunca vi ninguém reclamando sobre isso, uma coisa que me incomoda tanto. por que caralhos quando você compra um kit de xampu e condicionador, vem menos condicionador? não faz sentido pois mesmo se fosse do mesmo tamanho ninguém em sã consciência gasta mais xampu que condicionador. isso me deixa tão brava.

    5 músicas de 2023 que eu ouvi até estragar as estatísticas do erick:

    lucy dacus – night shift

    Night Shift – Lucy Dacus: por causa da phoebe bridgers acabei ouvindo muito boygenius, e por consequência o algoritmo achou apenas adequado me encher de lucy dacus. e eu gostei muito de night shift, sobre uma pessoa que quer nunca mais na vida voltar a ver seu parceiro. a letra é muito gostosa e tenho certeza que todo mundo vai gostar. hot & heavy também é ótima, meninas bissexuais vão amar!

    crumb – locket

    Locket – Crumb: é possivelmente a maior música de 2023 para mim (mesmo não sendo de fato de 2023). simplesmente sou apaixonada pelo clipe e sempre fico embasbacada com o quanto ele é perfeito e aperta todos os botões corretos para uma experiência ideal. ainda me recordo quando erick me pediu para colocar esse clipe na tv do meu grande amigo gustavo e eu não soube escrever direito na pesquisa do youtube e digitei crumby loquet. mudou minha vida e vai mudar a de vocês também! além do mais, tem um lindo gato!

    andromeda – weyes blood

    Andromeda da Weyes Blood é a música ideal para garotas que, como eu, gostam de ficar tristes de vez em quando e pensar na vida, no universo e tudo e mais. Quando ela fala que quer ser bem tratada afinal ela também é filha de um homem bom, quem não se identifica? Poeta. Artista. Deusa. ela quase nunca errou. exceto na escolha do festival que veio ao brasil. mas esse erro quase todo mundo cometeu em 2023, e quem pode culpá-la? acho que foi uma das mulheres que mais ouvi em 2023. tem ainda it’s never just me it’s everybody sobre como nenhuma experiência é única… te amo weyes blood.

    jockstrap – concrete over water

    concrete over water – jockstrap é uma das mais belas canções de amor que ouvi em 2023. eu amo passar tempo pensando na letra e na melodia. acho tão relaxante e tão diferente. amo entrar no genius e ver a descrição do gênio que disse que concreto é sólido pesado e ainda assim está sobre a água, líquida e selvagem, por meio de uma ponte. enfim. romance.

    alvvays – belinda says

    alvvays – belinda says é apenas uma das milhares de músicas do alvvays que eu ouvi até a exaustão em 2023. estou cansada já de escrever, mas o blue rev é muito bom e o adult diversion talvez seja até melhor! gosto de pomeranian spinster apesar de ser uma música sobre uma crazy dog lady. isso me incomoda profundamente pois a doida dos gatos por mais que seja maluca geralmente (no meu contexto social de BRASILEIRA) costuma adotar os gatos. a doida dos gatos é nada mais do que uma mulher que odeia pessoas (eu) ama gatos (eu) e cuida daqueles que não são amados (EU). já a pomeranian spinster é uma doida dos gatos só que doida de cachorro insuportável de marca que é caríssimo e incentiva o mercado de compra e venda de um animal que tem aos montes na rua passando fome. sim eu sou uma militante insuportável e não estou nem aí. esse assunto me emputece tanto que eu peguei implicância dessa banda mesmo não conseguindo parar de ouvir o tempo todo?!?!!!!!

    apenas como menções especiais, acho que vocês deveriam também ouvir soccer mommy, taylor swift, boygenius, e muita hatchie pra ajudar a coitada a se sustentar. tadinha, outra que errou de festival e ainda conseguiu a proeza de fazer o show no mesmo dia que a taylor swift. aí ela me complicou! mas tenho certeza absoluta que estou no top 0,5% de ouvintes de querida!

    5 filmes que vi em 2023 e acho que vocês também deveriam ver!

    Ninjababy – esse filme é sobre o maior pesadelo de qualquer mulher sexualmente ativa: descobrir que você está grávida! só que é ainda pior, pois apesar de estar em um país em que o aborto é legalizado, quando ela vai abortar ela descobre que está acompanhada do homem (com quem ela praticou sexo casual) errado. afinal, não está grávida de um mês, e sim de cinco ou seis ou sete. não me lembro mais. mas o ponto é que o aborto não é mais indicado e agora ela vai ter que parir! sério. meu maior pesadelo. mas é uma história contada de forma divertida e é maravilhoso ver como a situação termina. é o juno para mulheres de quase 30 anos.

    asteroid city – acho que esse é um dos melhores filmes do wes anderson. certamente é melhor que a crônica francesa. tem uma melancolia embutida que deixa qualquer pessoa sensível meio triste. os personagens todos agradam muito, e parecem estar sempre em busca de um sentido. tem muita relação de pais e filhos, muitos pequenos gênios e enfim. é lindo, lindo. gostaria de assistir de novo. te amo wes anderson.

    dungeons and dragons: honor amongst thieves – a paternidade está em alta no cinema. eu me diverti tanto vendo esse filme. foi simplesmente divertido. personagens carismáticos que cometem crimes que fazem todo o sentido. adoro o justice smith como um mago? bruxo? não lembro exatamente, que não consegue fazer magia direito porque é inseguro. isso é literalmente eu!

    aftersun – geralmente quando toda a timeline está amando um filme hipster eu tenho um pé atrás. e antes disso eu nem achava o paul mescal tão bonito assim. mas é realmente excepcional. acho que toca tantas pessoas porque o relacionamento entre pai e filha tem sempre algumas semelhanças. sei lá. o pai sempre vai ser o pai, e a forma de demonstrar carinho ou paternidade sempre vai ser diferente da mãe. só sei que é de uma melancolia tão grande. a cena em que a sophie canta losing my religion é tão forte, acho que significa tantas coisas. o pai dela não cantar com ela é em si uma forma perder a fé. perder a imagem de herói que todo pai tem para um filho. enfim. é triste né. chorar de soluçar = inevitável.

    tár – eu realmente amo a cate blanchett. acho ela incrível. saí desse filme tão incomodada, sem ter certeza se entendi a crítica que se planejava fazer. era uma crítica a cultura do cancelamento? ao feminismo? era uma crítica feminista? acho que era tudo um pouco. e o final é sublime e ainda mais uma crítica feminista. entendo que ficar pensando nesses pontos traga ainda mais desconforto do que se pretendia com o filme, que em si é bem desconfortável com essa personagem tão desagradável e genial. vale a reflexão sobre tudo isso!

    série que vi em 2023 e fez eu me sentir extremamente com 25 anos:

    extraordinária – é sobre uma garota que deveria ter super poderes mas até hoje ainda não descobriu o que é capaz de fazer. óbvio que é uma metáfora para não saber o que você quer da vida com vinte e poucos anos, mas de uma forma tão divertida que você não se incomoda com isso sendo jogado na sua cara. ela é suja, tem dificuldade pra encontrar um emprego, um namorado e um superpoder. ainda fala com o pai falecido e tem um relacionamento horrível com a irmã mais nova que tudo indica ser um prodígio. muito legal e curtinha.

    vi mais séries? sim. gostei de ver os normais e arquivo x sim. mas que preguiça de escrever sobre isso.

    ai. agora que já falei de filme, música e série, já podemos encerrar o ano, né? 2024 está aqui. vou continuar procurando deus. e alguma forma de parar de me odiar o tempo todo e aceitar que nem tudo gira ao meu redor e que nem todo mundo liga pra mim. essas são as reais metas de ano novo.