
tudo começou diversos anos atrás, quando ouvi falar pela primeira do conceito de universidade federal e o que isso poderia significar para mim. não sei nem o porquê, mas botei na cabeça que faria um curso superior numa federal. é provável que tenha a ver com o período em que meus pais estavam pagando a faculdade particular da minha irmã. não lembro deles reclamarem mas conhecendo meus pais como conheço não me surpreenderia nada se fosse isso.
contudo, me conhecendo como conheço, especialmente conhecendo a antiga eu, a eu arrogante que queria ser a melhor pessoa do mundo, a pessoa mais inteligente do universo, é possível que a simples ideia de passar em um processo seletivo mais rebuscado tenha me atiçado. quando eu era mais nova, eu amava fazer provas e tirar notas boas. era uma coisa em que eu era muito boa. eu simplesmente amava ver notas máximas e notas altas.
estava decidido então que eu passaria numa universidade federal. durante muito tempo, eu somava aprovações, mesmo que ainda estivesse cursando o ensino médio. cada aprovação em um vestibular era mais um pouquinho de uma coisa que me dava muita satisfação. contudo, faltava um fator um tanto quanto essencial no processo de entrar numa universidade. escolher o curso.
após uma experiência fracassada num instituto federal, (e abro esse parêntese para dizer que só foi fracassada pois absolutamente todo mundo naquele vendaval de merda era escroto. muito professor infeliz, que se regozijava com a ideia de matar a cada dia mais o brilho no olhar de pessoas que estavam, antes, lentamente deixando de serem crianças. mas enfim. aconteceu,) eu havia decidido que não queria de maneira alguma estudar quaisquer engenharia que fosse. um erro da minha parte, já que eu sempre me dei bem com números e lógica. não queria fazer nada da área de biológicas e não queria fazer história ou ciências sociais.
uma outra coisa na qual sempre fui boa e que sempre me deu muita satisfação era o inglês. por isso decidi me inscrever em letras – inglês na universidade federal mais próxima da minha casa. e então li péssimos conselhos na internet que sugeriam escolher cursos relacionados a matérias que você gostava na escola e eu, estúpida, achei que gostar de história e matemática fosse a mesma coisa que cursar economia.
e eu nunca me perdoei.
desistir nunca foi uma opção, afinal. questões internas que não quero mexer.
e é por isso que hoje, em quinze de outubro de dois mil e vinte, o ano da besta, o ano em que deus finalmente se esqueceu da humanidade, depois de mais de 7 meses de quarentena, depois do adiamento de tudo de importante que poderia acontecer, depois do adiamento de todos os shows que eu iria nesse ano, inclusive o show da formatura, o show de nunca mais precisar estudar economia na minha vida, o show de poder finalmente nunca mais olhar na cara de um professor universitário na vida, cá estou eu. reescrevendo pela sexta vez a introdução do meu tcc.

estou tão exausta do assunto já que não vejo mais graça em sequer tentar continuar tentando pensar nesse assunto. quero somente ignorar tudo sempre.
mas deixo aqui essa crítica a mim mesma por ter escolhido uma temática que me fez mais dependente de outra pessoa e dessa forma incapaz de me virar sozinha. isso é uma tortura, especialmente porque minha orientadora decidiu ser muito enrolada. não acredito que ela está me deixando na mão dessa forma. é um pesadelo total isso.

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