um deles é o lobo do amor. o outro é o lobo do ódio. quem vence? ora.

ninguém. ninguém vai ganhar ou perder quem ganhar vai perder vai todo mundo perder. entendeu?
acredito que é um tanto quanto engraçado o que a internet fez com essa frase aí dos lobos. se bem que a internet faz isso com todas as coisas, não é? fui pesquisar sobre e parece que é uma história com origens indígenas lá da américa do norte e fala sobre o dilema interior do ser humano. funciona mais ou menos assim. duas pessoas estão conversando:
fulano: dentro de você existem dois lobos. o lobo bom e o lobo mau. eles estão sempre brigando. siclano: e quem está vencendo? fulano: o lobo que você alimenta.
emocionante, não? infelizmente, enquanto eu escrevia esse diálogo, meu terrível cérebro pensava em diversas versões diferentes de memes. na fala de siclano, por exemplo, meu cérebro ficou martelando are ya winning son? e o discurso da dilma. tipo assim, cala a boca, sua bobona.
mas afinal, por que motivo comecei esse texto dessa forma horrível, diga-se de passagem?
é simples. eu não sabia o que escrever e achei que a frase dos lobos daria um bom título. não soube desenvolver muito bem a partir daí, e ficou,,, levemente confuso. mas tudo bem!
temos então um frase que fala sobre dilemas internos, decisões difíceis de serem tomadas… uma vibe meio taylor swift na melhor do red, i almost do (taylor’s version). a taylor swift do red tinha dois lobos dentro dela. um deles queria muito ligar pro jake gyllenhaal e o outro não queria. ela dizia:
... It takes everything in me not to call you And I wish I could run to you And I hope you know that Every time I don't I almost do ...
o esforço que essa gata fazia pra não ligar pra ele… pra não responder as mensagens… eu quero… mas não devo! que situação. eu mesma sou uma grande fã de dilemas internos. até por que todas as decisões tomadas por mim são permeadas de uma grande ansiedade, pavor de errar, medo de sair de uma zona de conforto. muitas vezes estou fazendo alguma coisa e pensando “meu deus como eu odeio ter que tomar essa decisão que é inevitável de ser tomada.” afinal, eu sei que tentar vagas de emprego, fazer entrevistas, tentar! eu sei que essas coisas são importantes, são necessárias. mas o lobo ansioso dentro de mim quer comer o outro lobo, sabe? enfim. cabe a mim alimentar o lobo bom, e não o lobo mau. mas essas decisões podem ser consideradas dilemas? talvez se pensarmos que existem grandes dilemas e pequenos dilemas. nossa, eu adoro dilemas!
e já que estamos falando de lobos bons…

nesses últimos dias assisti a segunda temporada de beastars. e nossa, ela é bem diferente da primeira. como falei nesse post aqui do início do ano, em beastars nós temos um sociedade em que os animais são antropomorfizados e agem exatamente como pessoas. o nosso protagonista é o Legoshi, um lobo tímido e sonso que se apaixona por uma coelha-anã, a Haru. a história se passa numa escola de ensino médio onde animais herbívoros e carnívoros convivem em harmonia. até que, no momento em que a história começa, acontece um assassinato no colégio: um alpaca é comido por algum animal carnívoro, provavelmente um colega.
nessa sociedade, esse parece ser o crime máximo. primeiramente porque é homicídio, né? mas é claro que existem enormes dilemas relacionados a isso. afinal, carnívoros precisam de carne. de alguma forma que não ficou clara pra mim, o vegetarianismo é a regra e os carnívoros não apenas não podem comer carne, como também se espera que eles sobrevivam apenas com outras formas de proteína. provavelmente a sociedade deles progrediu a ponto de leguminosas serem proteínas o suficiente.
em um dos episódios temos galinhas que vendem seus ovos para restaurantes e mercadinhos. nesse caso não parece que é um grande tabu, e sim uma doação de óvulos. não tem muito a ver mas eu achei interessante de falar.
com o assassinato do Tem, a alpaca do clube de teatro, o Legoshi passa a viver dilemas e questões que não tinham passado pela cabeça dele antes. em beastars pensamos com o lobo sobre instintos, raça, classe… visitamos um mercado ilegal de carne, que traz muitas reflexões, e que também acaba sendo muito realista pra gente. mas a primeira temporada também apresenta um foco legal na vida social do Legoshi enquanto adolescente e estudante do ensino médio. ele é um lobo passando pela puberdade, tentando entender sua força, se apaixonando, se compreendendo, e também fazendo amizades.

na segunda temporada, a gente perde um pouco disso. (vou tentar não dar spoilers pois sei que uma das três pessoas que lê o blog ainda pretende assistir ao desenho). o assassinato do Tem não é resolvido na primeira temporada. na verdade, por vezes parece que ele foi esquecido por todos aqueles que tinham a responsabilidade de encontrar o assassino. é claro que tudo é como num espelho da nossa sociedade, então faz um certo sentido.
bom. se na primeira temporada tínhamos romance, clubinhos de escola, fofocas, bullying, e tudo aquilo que esperamos de uma história que se passa num colégio de ensino médio, na segunda não temos nada disso. aqui, o Legoshi mal conversa com a Haru, num relacionamento estranho que parece tão diferente do que tínhamos na primeira, e sai numa busca interior para encontrar tanto a si mesmo quanto ao assassino do seu antigo colega. ele encontra o assassino, mas o percurso para se encontrar parece mais tortuoso, com altos e baixos e encontros com personagens misteriosos.
paralelamente a história do Legoshi, temos também a história do Louis, um cervo bastante bravo que atuava como um grande exemplo para todos os herbívoros da escola, e que está numa situação bastante ferina nessa segunda temporada. para mim, a relação entre o Louis e o Legoshi foi um dos pontos altos desses últimos episódios, mesmo que eu não entenda muito bem o que eles sentem um pelo outro. claro que tem uma admiração mútua, mesmo que o Louis negue… e o Legoshi é fascinado pelo Louis. ok eu admito que shippei mas mesmo sem shippar, eles são muito interessantes, provavelmente por serem opostos. o Legoshi é um lobo forte que se enfraquece perante a sociedade tentando esconder sua força e passar despercebido. já o Louis vem de uma posição mais fraca e em todos os momentos passa a impressão de força e exemplo, principalmente nessa temporada.

aqui, a gente pensa junto com o Legoshi sobre como se aceitar da forma que você é, mesmo que você não goste disso. e pensamos também sobre punição, vício, coexistência e amizade entre oprimido e opressor…
enfim.
você pensa muito.
eu particularmente pensei horrores e chegou ali no final já não mais era capaz de compreender coisa alguma.
realmente não entendi o que o legoshi queria naqueles últimos momentos.
uma amiga minha disse que ele decidiu se aceitar e parar de ficar se culpando por ser quem é. mas não sei. essa explicação não me satisfez. achei difícil de engolir.
uma coisa ficou clara: dentro do legoshi tem dois lobos. um desses lobos quer comer carne. é o instinto dele. ele quer comer a haru, e não só de um jeito sexual! mas o outro lobo ama e aprecia a todas as espécies, e jamais faria mal a elas. e no caso o lobo que vence é o que ele não alimenta! kkk sou muito engraçadinha meu deus! (não que esse lobo vença. para saber qual lobo vence precisa assistir ao anime.)

no final das contas, eu gostei bastante. claro que muitas coisas me incomodaram. me pergunto se não estou perdendo um pouco por alguma questão cultural. mas… é a vida. a primeira temporada foi melhor sim. mas essa também foi boa. é inegável que a vibe é completamente diferente.
pensei muito sobre essa história de dentro você ter dois lobos. acho que brinca com aquela ideia de anjinho e diabinho no seu ombro te mandando fazer coisas. talvez seja uma coisa meio católica… enfim. quais são os lobos que estão dentro de vocês? já pensaram nisso?
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