• tudo que assisti em março

    eu queria tanto escrever agora. cadê as palavras. eu não sei!

    em março eu vi os seguintes filmes:

    Close
    esse eu realmente queria muito amar, mas infelizmente não consegui me conectar tanto assim com os personagens. é impossível deixar de sentir uma profunda tristeza com os acontecimentos e com os sentimentos que podemos ver os personagens sentindo. o relacionamento entre os personagens, aliás, é a melhor parte da história. lindas paisagens. bicicleta é tudo mesmo.

    Creed
    cá entre nós eu não curti esse muito também não. é uma delícia assistir ao casal formado pelo michael b jordan e a tessa, dois deliciosos. e o rocky balboa é um personagem muito legal. e a história em si do personagem querer se provar pro pai é bacana. só que eu fico pensando poxa… quem vai querer levar porrada só pra provar um ponto… ah sei lá! eu gosto de lutar, acho bacana! mas aí nesse nível que o creed filho chegou acho muito irracional. isso me desanimou. mas acredito que é uma questão de Momento. em outro momento eu teria gostado mais.

    Women Talking
    é apenas mulheres conversando. trata de um grupo de mulheres que vivem em um culto de crentes e foram todas estupradas enquanto dormiam e então precisam decidir o que fazer. e então são 2 horas de mulheres conversando.
    cá entre nós privadamente, eu e meus 3 leitores, tive uma certa dificuldade de… sei lá, não é empatizar, mas é que é um CULTO de mulheres CRENTES (protestantes) que tem medo de irem pro inferno. e então elas discutem opções que eu jamais tomaria daquela forma. é interessante ver o senso de comunidade entre elas mas no final das contas foi meio chato, mesmo que as análises fossem interessantes.

    Os Banshees de Inishiren
    esse é outro que eu não sei se gostei muito. mas gabriela você odeia TUDO? poxa, é o que tudo indica. esse aqui eu achei mais interessante, a atuação é soberba e bem. ele me deixou um pouco reflexiva também sobre essa questão aí dos protagonistas: vale a pena manter relações que você sente que não te acrescentam em nada (não que o chato não acrescentasse, mas é sobre o sentimento de ele não acrescentar)? e aí você acaba refletindo se vale a pena abdicar de amizades que funcionam diferente apenas por que você decidiu que tem desejos diferentes? e também, vale a pena realizar um corte tão profundo sendo que o afastamento poderia acontecer naturalmente? lógico que nesse caso valia, né, afinal, ele estava mais preocupado com cortar o vínculo do que com de fato produzir algo grande de verdade, já que optou por ficar sem a mão essencial para tocar. ah sei lá. Sei Lá. alguém seria capaz de mudar meus pensamentos sobre esse filme? esse aqui eu acho que é possível porque no final das contas eu não odiei. talvez só sinta que não compreendi.

    The Nice Guys
    existe esse gênero de filmes que é perfeito para ver sob a influência de drogas. quando você está naquele limiar entre chapado e com sono. basicamente são homens solucionando crimes e tem bastante violência envolvida e sexualização de mulheres (o que eu não acho legal! é a parte ruim dos filmes mas eu aceito afinal we live in a society.) de todo modo, há algo estranhamente agradável nesse tipo de filme. the nice guys. inherent vice. (que odiei mas sei lá o porquê me recordo dele com carinho). the big lebowski. enfim. foi bom e eu recomendo. especialmente se você está. você sabe.

    Crush
    escuta aqui. eu não quero ouvir críticas. lésbicas também merecem sua própria comédia romântica bobinha de ensino médio. mas vou ter que dar só uma criticadinha com um spoilerzinho aqui tá bem. o primeiro spoiler é o seguinte: foi extremamente óbvio desde a primeira cena quem era KingPun. e então eles tentaram deixar menos óbvio, o que foi péssimo porque no final das contas tirou a verossimilhança da pessoa que de fato era KingPun. o ideal mesmo nesse plot seria a protagonista descobrir alguém que supostamente seria KingPun e fazer alguma acusação ou pelo menos acreditar muito e ser vítima de humilhação pós errar muito quem era. mas não foi isso que aconteceu, ela simplesmente revela quem ela é do jeito mais anticlimático possível. POR QUÊ? não tankei. ademais, o conflito do clímax do filme é tão ridículo e facilmente solúvel. sério. eu fico até sem jeito de falar aqui porque é meio chato falar de qual forma um filme deveria se desenvolver, e de fato ele não é RUIM. só que o drama que foi feito foi bem fraco. e a gata não vai entrar na universidade também só de falar que o momento mais feliz dela foi beijar a namorada. para né.

    dito tudo isso, foi uma comédia romântica muito fofa. sim, tinha muitos dos “erros” do seu gênero, mas ainda assim é um raríssimo filme sobre meninas lgbts se amando e eu adorei.

    Amor ao Primeiro Beijo

    eu gostei desse. achei interessante a proposta de fazer o protagonista mudar de ideia. sim falei do final do filme. estou cansada de escrever então não quero falar muito. achei muito estranho o afastamento dele e da namorada do amigo dele, pareceu que foi só pra juntar ele com a estranhazinha no final. mas tudo bem, pois não acredito que o tipo de relacionamento que surge de uma traição, ainda mais uma tão profunda como a que eles cometeram, pode ter futuro. mas talvez eu seja idealista. enfim. foi bom o suficiente.

    (AQUI EU PREVI O FIM DO RELACIONAMENTO DA TAYLOR E NEM MESMO NOTEI!)

    pineapple express
    apesar de também ser filme de ficar chapado, simplesmente não consegui tankar até o final. fui de base. chato demais o final perdão seth rogen.

    e também li os seguintes livros:

    Ele: Quando Ryan conheceu James
    cara, esse livro é uma fanfic. quem já entrou no archive of our own hockey rpf com certeza já sentiu o que eu senti lendo esse livro. bom, até pela autora ele é um livro que tem um certo grau de safadezas, mas foi um pouco surpreendente pois ela escreve apenas sobre casais heteros. o livro foi bacana, eu gosto de ler sobre amores e descobertas e sobre esportes. bla nao sei o que mais dizer. basicamente é um romance entre dois jogadores de hockey universitário a beira de entrarem no hockey profissional. amigos desde criancinhas, o rico sabe que é gay, mas o pobre ainda não descobriu que é bi, mesmo tendo apreciado profundamente o ato cometido por ambos quando eram jovens. eles se reencontram e percebem que ainda sentem saudades um do outro. recomendo mas não é lá a melhor obra já escrita pela humanidade. mas ela é o que ela é! e eu gosto disso. mesmo que eu tenha uma leve vergonhazinha de falar isso aqui pra vocês.

    Summer Read

    esse é outro nessa vibe de não é a melhor coisa da humanidade e ainda bem! pois é disso que eu gosto. mas nesse caso é melhorzinho, vou admitir. era meio incômodo ler uma protagonista rancorosa que decidiu só aos trinta anos sofrer uma profunda decepção com a pessoa do pai (falei como se fosse uma opção né que coisa.) enfim, a protagonista, cujo nome já não me recordo mais, herda a casa de veraneio que não sabia que o pai tinha, pois era a casa que ele usava para trair a mãe dela entre um câncer e outro. durante a doença da mãe, ele era pai e marido exemplar. na saúde? putz e se na verdade eu prefiro essa outra mulher a milhares de quilômetros? lógico que ela fica muito brava e demora bastante tempo para elaborar seus sentimentos. é nessa casa que ela (re)conhece o vizinho, que também é autor e também é todo cheio de questões do passado para resolver, com familias e ex abusivos. e eles fazem isso juntos, enquanto escrevem livros durante o verão! eu gostei, li rapidinho.

    Torto Arado
    a leitura demorou um tiquinho pra engatar, mas consegui terminar na virada do mês, bem a tempo do encontro do clube do livro. é uma história muito dolorida de um dupla de irmãs que vivem num regime de servidão no interior da bahia e os acontecimentos que transformam a vida das duas e dos que estão ao seu redor. traz uma realidade que grande parte do país não consegue ver. gostei bastante.

    e as seguintes séries:

    succession
    deve ser uma série muito boa já que todo mundo ama. já estou no sexto episódio afinal quero acompanhar o final junto da timeline, mas por vezes me pego pensando poxa… por que não posso apenas curtir o momento e ver no meu próprio ritmo? mas sei lá. ver com a galera (virtual) é parte da graça também. Enfim! kendall roy até agora é um coitado, roman roy é um psicopata, papai roy é maluco. o casal shiv e marido cujo nome não me recordo (greg?) sou grande fã de ambos.

    arquivo x
    estou Apaixonada. adoro séries de um caso por episódio, adoro a ideia de extraterrestres e adoro a química entre o mulder e a scully. na realidade, essa época aí da série tinha um conteúdo sobrenatural muito gostosinho… fico pensando sobre isso e queria elaborar mas no momento tenho preguiça. mas breve!

    only murders in the building
    eu adoro mistérios e livros de crime. contudo nunca consegui curtir podcasts de true crime. até mesmo a música no body no crime de uma querida fã de true crime eu odeio. mas essa série sobre um assassinato e um podcast de crime estou achando bastante aprazível. por mim, assistiria tudo de uma vez se o conjuge deixasse.

    daisy jones and the six
    vi o primeiro episódio e gostei! recomendo!. porém é perigoso pois dá vontade de fumar um cigarrinho.

    shadow and bone
    vi vários episódios apesar de não estar curtindo muito pois quero muito chegar na segunda temporada. parece que é boa. eu quero gostar. o foda é que eu acho esse casal principal meio mixuruca, o ator é muito sem graça (foi mal ser fútil mas é como eu sempre digo se mulheres tem que ser sempre lindas e nessa série elas são, por que temos que aceitar homens feitos? not on my watch)

    the irregulars of baker street
    cara eu tava precisando de alguma coisa pra passar o tempo mas acabei gostando. não foi um primeiro episódio muito bom mas eu gostei da proposta. vamos ver se continua assim.

    deu pra notar que estou no meu segundo mês de licença saúde? eu acho que deu.

  • processo de normalização

    ocasionalmente sou surpreendida pela acachapante realidade que bate na minha porta, sussurrando bem baixinho, de forma sorrateira, me recordando que sou uma pessoa profundamente só. essa solidão é a que sinto em momentos específicos, quando não há nada para fazer e eu já tentei de tudo para encontrar alguma coisa que pudesse me distrair e nada existe e nada é interessante e não sobra nada além de pensar no fato de que eu estou sozinha.

    eu.

    não é que eu me sinta pouco amada, ou que eu esteja desacompanhada. as pessoas estão ao meu redor e mesmo assim… falta alguma coisa. estou em casa e meu namorado está trabalhando. estou no trabalho dos meus pais e eles estão trabalhando. estou sozinha, e atualizo todas as redes sociais possíveis buscando uma beiradinha de companhia, como se isso pudesse mudar essa sensação de que falta algo. o tempo passa e ninguém emite um único tweet. uma reclamação. nada. estou só. estou só na vida real e na internet.

    parece pueril dizer isso, e tenho consciência de que é uma escolha que eu faço, mas o ato de atualizar todas as redes sociais que existem no universo costumava me trazer uma falsa ilusão de companheirismo e companhia, como se naquele espaço existissêmos tanto eu quanto pessoas que se identificam comigo, e acabo perdendo oportunidades de sair desse isolamento social presencial em que me coloco meio que sem querer. na realidade, quando estou vivenciando o mundo lá fora, uma espécie de nervosismo misturado ao medo irracional de que algo dê errado faz com que eu busque conforto nessas redes em que sei como as coisas funcionam.

    ela.

    recentemente li o livro “querida konbini”, de sayaka murata, sobre uma funcionária de uma loja de conveniências japonesa que passou mais da metade de sua vida num trabalho temporário, considerado inferior pelos outros membros da sociedade. para a Keiko, quando ela está na konbini, ela se despe da necessidade de fingir ser normal e passa a ser nem homem, nem mulher, e sim Funcionária, um ente que existe naquela loja para servir aos clientes e otimizar sua experiência. é naquele ambiente ela experimenta a sensação de normalidade que tanto desejam para ela, afinal, ela sabe ser Funcionária com maestria. as reflexões sobre a sociedade japonesa (a sociedade em geral, na verdade) fazem a gente pensar nos papéis que são esperados de nós e no quando precisamos nos esforçar pra fazer aquilo que é “normal”. estudar, casar, se reproduzir, trabalhar, que hoje acaba sendo um eterno processo de produção ad infinitum, e finalmente morrer. o livro levanta o debate do que acontece quando você não se encaixa nessa linha de produção da sociedade, dando tanto o exemplo da Keiko quando do seu colega incel.

    particularmente sempre desejei a normalidade. sempre quis ser como todos os outros, atuar como uma pessoa sem ansiedades, fingir na frente de todos ser alguém diferente, agradável. minhas grandes questões hoje em dia ainda tem forte relação com o fato de que eu simplesmente não me sinto capacitada para fazer as coisas que na minha cabeça são normais. aqui sempre tem um dilema rolando, desejos que vão de encontro a uma parte de mim que não acredita na minha capacidade de fazer as coisas que eu deveria fazer, afinal, todo mundo faz, por que eu não conseguiria?

    um passo de cada vez, eu penso. e ainda assim. a angústia tremenda de talvez nunca conseguir fazer uma coisa que você deseja muito…

    Vocês já pararam para pensar que se você fosse uma pessoa completamente diferente, você viveria tudo diferente e absolutamente todas as sensações seriam diferentes? Quer dizer, se eu tento por um segundo imaginar que sou uma pessoa de origens diferentes da minha, que tive todas as experiências diametralmente opostas as que tive, eu simplesmente não saberia o que aquela pessoa, aquele eu, pensaria ou faria em quaisquer situações, por mais que tente me colocar naquele lugar.

    sim sim eu exagero muito em todos os advérbios do mundo.

    Talvez isso seja uma questão particular minha. Talvez vocês sejam capazes de se colocar nos calçados dos outros. Na realidade, as pessoas conseguem fazer isso, não é mesmo? Não é assim que livros são escritos? Pessoas se colocando no lugar de outras pessoas e imaginando situações e as coisas que podem vir disso.

    É por motivos como esse que eu não escrevo. Toda vez, meus personagens tem reações que a Gabriela teria, e não as reações que pessoas que viveram tudo de outra forma teriam. Acho que pra se colocar no lugar do outro assim é preciso um exercício muito grande para tentar imaginar o que é ser o Outro. Como o Outro vive. Quais decisões ele consegue tomar. E mesmo assim, ele vai estar apenas fazendo aquilo que você acha que ele faria. É complicado.

    enfim, sabendo que nunca duas pessoas jamais conseguirão compartilhar o mesmo sentimento, é impossível deixar de se sentir profundamente só, em alguns momentos. as vezes é por isso que fazemos amizades com aquelas pessoas que se aproximam da gente.

    e apesar de toda essa reflexão sobre como o Outro é um ser que sente desejos de formas totalmente diferente de mim, de alguma forma eu continuo sentindo esse pavor de ser diferente. um medo paralisante, por vezes, de tentar fazer aquilo que eu quero fazer, por temer os resultados.

    aaaaaa.

    não sei.

    talvez vocês nunca tenham vivido essa experiência mas acredito que todo mundo que já conviveu com uma criança novinha sabe que em alguns momentos, a criança está exausta, cansada, morrendo de sono. e ainda assim ela se recusa a dormir. ora ela quer brincar, ora brigar. mas não dormir, que é o que ela deveria de fato fazer.

    eu sou essa criança, nesse momento. eu quero remoer a minha solidão e meu vício em redes sociais e todas as repressões que sinto que tenho comigo mesma e eu quero fazer tudo isso tendo dormido somente 4 horas durante a noite.

    vocês pensam sobre isso? ou só eu estou me sentindo assim, tão sozinha?